Por se tratar de uma bebida que envolve glamour e tradição, os profissionais envolvidos em seu serviço, ainda se aproveitam de mitos e do desconhecimento de parte da população para mistificar ainda mais o que deveria ser simples e sem frescura. Em restaurantes mais modernos e até nos pequenos bistrôs da Europa, a simplicidade dá a tônica da sofisticação. O menos é mais…!

Para facilitar este processo de mudança e modernização (ou popularização) do vinho, vamos tratar de alguns mitos e mentiras que envolvem seu serviço, sua produção, sua história; e tentar dismistificar alguns “verdades absolutas”.

  1. Quanto mais velho, melhor! – Apesar de super batido e discutido, isso é pura mentira. O vinho tem uma “vida” dentro da garrafa, que passa por um período de evolução, chegando ao seu apogeu (ponto ideal para ser bebido) e depois deste ápice, passa a perder características fundamentais (começa a morrer). Então, se esperarmos muito para tomar os nossos vinhos, podemos deixar de abri-lo em sua plenitude. Alguns aplicativos e sites especializados fornecem informações sobre o tempo ideal de degustar os vinhos, considerando sua safra e região/país de produção. Isso também vai depender se ele ficou bem armazenado, pois no caso inverso, sua vida útil pode diminuir.
  1. Quanto mais caro, melhor! – Outra mentira deslavada. Igual a todos os produtos no mercado, o que influencia muito no preço do produto, é sua marca. Se o vinho é conhecido, pode custar mais caro, pois o cliente valoriza seu “passe”. Isso não quer dizer, que todo vinho caro é ruim, e o legal é só tomar vinho barato. Temos que experimentar, arriscar, comprar marcas desconhecidas, ler revistas especializadas com degustações profissionais, etc… Uma excelente dica é comprar vinhos de Terroir similar, ou seja, compre o vinho produzido no terreno vizinho aos famosos e caros.
  1. Vinho rosé vem da mistura de branco e tintos, e ainda por cima é de baixa qualidade! – Puro preconceito. Os vinhos rosés são vinhos feito de uvas tintas, que  tem pouco contato com a casca da uva, pegando assim menos cor. Em sua maioria absoluta são mais leves e ácidos que os tintos, por ter menos tanino. Recomendo inclusive, para nosso clima, tomar vinhos com esta característica com mais freqüência.
  1. O Vinho Verde é feito de uvas que ainda não estão maduras! – Ha, ha, ha…! Essa é ótima. Quem gosta de tomar ou comer frutas que ainda não estão no ponto, com o sabor amargo e ácido mais que acentuado? O vinho recebe esta denominação por ter sido produzido exclusivamente numa Região Demarcada específica, no noroeste de Portugal. Frescos e leves, tem a Alvarinho (MADURA claro) como sua principal uva.
  1. Vinho branco com carne branca. Vinho tinto com carne vermelha! – Conceito bem ultrapassado, que já foi considerado verdade absoluta. O que podemos dizer é que diferente das pesquisas médicas, que regulamente mudam de opinião (Ovo é o vilão do colesterol. Ovo faz bem para o colesterol. Agora faz mal de novo. Não, não, faz bem…), esta afirmação está simplesmente ultrapassada. Talvez lá atrás, existissem menos formas de cocção, menos molhos, menos opções de acompanhamento, e as carnes fossem simplesmente assadas. Atualmente, um peixe pode receber condimentos e molhos, que deem um corpo ao prato que sustente um tinto leve. Da mesma forma, um vitelo pode ser feita de forma tão tenra, que harmonize com um tinto mais encorpado. Como ponta pé inicial, esta regra é muito útil, mas nunca como verdade absoluta.

Recentemente li uma matéria desmentindo uma frase que sempre digo aos meus amigos – “Vinho bom é o que você gosta”. Propagar isso como uma mentira, é exagero. Mas existe muita ambiguidade nesta afirmação. Fica claro, que o que é melhor para mim, não necessariamente é melhor para todo mundo. O gosto pessoal está acima de todas as regras. Mas as regras existem por algum motivo, e foram criadas depois de muito estudo e, por que não dizer, vinhos degustados…?!?! Então literalmente, a frase é um engodo, mas não deixa de ser um estímulo aos iniciantes, um incentivo para que este amigo continue experimentando.

O que podemos afirmar é que a maior verdade do vinho é que nada é absoluto, e de certa forma, tudo depende. Poderíamos ficar aqui comentando e nos divertindo com tantas mentiras que surgem sobre esta bebida fantástica. Assuntos não faltam, sejam verdades ou mentiras, ainda mais com uma bebida que mexe com o imaginário de tantas pessoas!

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