O rótulo e a viagem!
É inegável que o consumo de vinho de qualidade tem crescido nos últimos anos e cada vez mais os clientes estão requisitando ao garçom e sommelier dos restaurantes indicações de vinhos menos usuais. Nacionalidades como Uruguai, Estados Unidos, Africa do Sul e Austrália tem agradado e muito o paladar dos degustadores de vinhos locais. Talvez pela utilização de castas conhecidas como a Cabernet Sauvignon, a Shiraz e a Chardonnay, que facilita esta identificação dos clientes.
O processo de escolha de um vinho passa por diversas etapas, desde a condição financeira da noite (porque nosso fluxo de caixa varia, conforme os dias do mês vão passando), da companhia, do que vamos comer, e até da sede…! Porém, uma etapa fundamental deste processo é a análise do rótulo. Então nome da uva, nacionalidade, região, graduação alcoólica, entre outros detalhes devem ser observados, e fazem a diferença na hora da compra.
Podemos escrever páginas e mais páginas com opções de vinhos que podem ser comprados, e como “ler” o rótulo destes vinhos, mas algumas dicas básicas devem ser observadas:
Uva, Corte ou Região: Principalmente no novo mundo, o nome da uva vem destacado no rótulo, o que facilita e muito escolha dos vinhos. Já no velho mundo, principalmente na Itália, França, Portugal e Espanha, as regiões e suas denominações de origem é que determinam quais uvas são utilizadas na elaboração dos vinhos. Os vinhos da Borgonha, para receber esta denominação por exemplo, devem utilizar uvas Pinot Noir (e o nome da uva não aparece no rótulo, apenas o nome Borgonha), da mesma forma, um Brunello de Montalcino, que é elaborado obrigatoriamente com a Sangiovese.
Quanto alcoól tem?: Outra boa informação é a graduação alcoólica. Nos tintos, por convenção, vinhos com graduação menor que 12%, são considerados de qualidade inferior. Já nos brancos, esta graduação pode chegar aos 11% ou 11,5%, sem que perca “status”, dependendo de sua região.
Velho ou novo: Outro fator muito importante é a safra que as uvas foram colhidas. Pois a qualidade do vinho depende das condições climáticas do ano da colheita, além de indicar a data ideal para seu consumo. Alguns vinhos mais estruturados, podem passar anos aguardando na garrafa para serem degustados, enquanto outros devem ser consumidos até no máximo um ano após seu engarrafamento, como é o caso do Beaujolais Noveau e dos brancos leves.
Também temos que estar atentos a outros pequenos detalhes, como os produtores (e suas referências), as sub-regiões, ao tipo de vinificação, entre tantos outros detalhes. Com o tempo, vamos nos familiarizando com este processo e tornando automático o hábito de identificar informações importantes nos rótulos.
É inegável, porém que o marketing também faz parte do mercado da enologia. O cliente tem que se identificar com a imagem do vinho, o rótulo tem que transmitir exatamente o que o vinho dentro da garrafa representa. Se é um vinho complexo e tradicional, que vai envelhecer muito tempo na garrafa, não acho prudente um rótulo muito moderno e “escandaloso”. Da mesma forma, um vinho que deve ser consumido jovem, tem que ser apresentado com um rótulo mais “clean” e moderno.
Porém, o vinho que tomaremos à noite, depende de nossa vontade de para onde e quando queremos viajar. Se queremos fazer uma viagem mais longa, abriremos um exemplar de Bordeaux ou da Borgonha, já envelhecido de forma excepcional, ou um potente Super Toscano, até mesmo um Rioja do século passado. Se a viagem for pra perto, podemos degustar um tinto “hontesto” do Chile ou Argentina, um branco frutado da Nova Zelândia, ou um Pinotage da África do Sul. Nos dois casos, uma viagem é sempre uma viagem, mas também sentimos seus prazeres tomando vinho, mesmo sem sair do lugar…!!!